Depois dos caldinhos que tivemos nas ultimas duas provas, motor com cavalos desertores, chassi desobediente e pilotos que gostam de grandes espaços, vivemos neste fim de semana três dias mais agradaveis.

Como este ano, ferias, não houve nada pra ninguem e como a escola começa hoje, resolvemos partir na quinta feira á tarde, e assim termos três dias fora da Helvetia.

Era a primeira vez que iamos utilizar a pista de Mirecourt e a unica indicação que tinhamos era o comprimento (1270m) e o seu desenho visto através do Google earth alem de que tinhamos 300km a fazer sem autoestrada (30km na Suiça e é tudo) para quem se lembre é o mesmo que Lisboa Porto quando se fazia pela nacional.

Com a ajuda do GPS lá chegámos á pista ao fim da tarde de quinta feira. Reservámos um lugar numa box e fomos ao bar conversar com o responsavel da pista.

A primeira impressão é que é pena a pista se encontrar tão longe de nós, porque as instalações são de primeira classe. Situada ao lado de um antigo aeroporto da OTAN, hoje utilizado pela DHL e pela companhias aereas para formação de pilotos, o complexo tem condições para acolher provas CIK-FIA. O traçado é interessante, embora demasiado sinuoso o que dificulta as ultrapassagens, sendo isso praticamente apenas possivel ao fim da recta da meta.

Para este fim de semana tinhamos o chassi ex-Marion de 30mm e o novo motor Leopard. No chassis não mexemos em nada, apenas tinhamos previsto mudar o eixo traseiro por um mais duro, mas como as temperaturas anunciadas eram altas (pela primeira vez este ano) decidimos não o mudar em previsão das condições de domingo.

Começámos a andar para aprender o circuito e começar a ver qual a coroa dentada mais adaptada ao circuito. Em França o motor Leopard é quase desconhecido porque eles andam em Rotax e X-30 de maneira que o responsavel do circuito não nos pôde ajudar nesse sector.

Pareceu-nos que para fazer um tempo é necessario utilizar uma relação curta, para andar bem no miolo (80%) mas que é penalizante na recta. Como rapidamente verificámos que o unico sitio para ultrapassar era no fim da recta (para quem os tem relativamente grandes) decidimos de utilizar uma relação que deixásse alguma rotações no bolso e que seriam utilizadas na aspiração e assim permitir eventuais ultrapassagens no fim da recta.

O Jonas aplicou-se a treinar essa travagem, que não é facil, pois é uma direita longa e que fecha no fim, o que obriga a uma travagem feita durante a curva.

Andámos toda a sexta feira com os pneus usados que tinhamos e como só tinhamos mais um jogo reservado para a corrida, tentámos encontrar no padock alguem que tivesse um jogo disponivel, para acabar a sexta feira e para treinar no sabado quando a pista já estaria quase nas condições de domingo. Um Team disse-nos que tinha um jogo e nós comprámos-o, reparámos que eram verdes, mas não com a mesma referencia. Como era só para treinos não havia problemas, mas houve! Montámos os pneus o Jonas foi para a pista e depois de varias voltas entrou furioso. Estava a andar dois segundos mais lento que com os pneus na lonas que tinhamos desmontado. O Que se tinha passado, é que nos tinham enfiado um jogo de pneus que já tinha alguns anos de sotão, e estavam duros como pedra. Como não tinhamos outros decidimos continuar, sempre dava para dar umas voltas. Fomos falar com o men e ele lá se abriu que era um jogo que ele tinha comprado por engano á alguns anos e devolveu-nos metade do dinheiro que tinhamos pago.

No sabado continuámos a andar, mas verificámos que com os pneus que tinhamos não podiamos afinar nada porque uma vez que puséssemos os pneus novos as condições de aderencia iriam mudar radicalmente. Telefonámos ao Vokinger para saber se ele conhecia alguem que tivesse pneus e ele deu-nos dois teams que tinham levado pneus a mais. Lá fomos perguntar a um deles e era verdade eles tinham pneus. comprámos um jogo e montámos.

O Jonas foi para a pista e os tempos baixaram de imediato (4 segundos). Tinhamos previsto de andar pouco no sabado para guardar os braços para domingo, num entanto reparámos que o Jonas era mais rapido que a concurrencia de 1 segundo e tal, passando a andar no segundo 57, enquanto os melhores andavam na segunda metade do segundo 58. A coisa anunciava-se á maneira, mais a mais que estes pneus são mais rapidos nas primeiras voltas mas depois perdem toda a eficacidade e no fim do dia os pneus já estavam com 50 voltas em cima.

Contrariamente ás ultima provas, desta vez o Jonas não estava confiante, dizendo que iria se passar o mesmo que nas ultimas corridas, ou seja no domingo começar tudo a estrilhar e as indicações de sabado irem por agua abaixo.

Ele tinha razão. Para os cronos disse-lhe que se ele andasse no segundo 57 tinha a pole assegurada. Grande erro!! Meti-o a andar e fui á box buscar o cronometro. quando comecei a cronometrar, eles já tinham dado 3 ou 4 voltas. Com o meu cronometro posso tirar tempos a quatro pilotos. Escolhi os quatro mais rapidos e verifiquei que três dos quatro andavam no segundo 57. Dos quatro o Jonas era o mais rapido com 57.45, mas o segundo andava em 57. 60 Fiz sinal ao Jonas para não baixar os braços e dar-lhe. Outro erro! no fim ele disse-me que o stressei porque ele não compreendia a razão. Pelos tempos que tinha tirado a Pole era do Jonas, mas quando os tempos foram afichados um piloto tinha feito um tempo 1 decimo mais rapido, o Jonas disse-nos que ele tinha beneficiado de uma aspiração nas primeira voltas, foi certamente lá que ele fez esse tempo.

Teria sido melhor se ele tivesse feito o terceiro tempo, porque o lugar no exterior, obriga a fazer a primeira curva fora da trajetoria, ou seja onde está a borracha que os pilotos deitam para fora e que é sempre uma area amanteigada.

Partida e primeiro golpe de teatro, a molhada chega á travagem e um kart com um capacete preto vai parar ás pedras. Era o Jonas. Um piloto "esqueceu-se" de travar e "criou" espaço.
O Jonas retomou a pista em ultimo e começou a ganhar lugares, comendo um a um sempre no fim da reta graças á sua travagem ´"á la Foré" é o pai que o diz, mas era de tal maneira espetacular e belo que até as lagrimas me vieram aos olhos. Já estava em 4° quando cometeu um erro. Em vez de esperar pela linha recta para ultrapassar, numa das travagens do miolo, meteu a frente, mas o outro piloto não se apercebeu e fechou, conclusão pião para os dois. FIQUEI FURIOSO!!! A manga apenas contava para a grelha da pré-final, ele tinha conseguido fazer uma recuperação de antologia, garantido o terceiro lugar (do lado de dentro) e com a excitação estragou a pintura toda. Retomou a pista em 6° lugar e acabou no mesmo porque já estava no fim. 6° lugar igual a posição na grelha no exterior.....

Quando ele parou mostrou-nos uma das "barras" de direção que estava toda torta. Na saida nas pedras ela tinha-se entortado obrigando-o a fazer toda a corrida com as rodas da frente completamente abertas.... tive que me acalmar....

Na boxe um controle do nivel da agua no radiador e........... estava quase vazio.....ai,ai,ai. controle da temperatura do motor no "unipro" das voltas da manga e..... 70° 78° 85° para chegar na ultima voltas aos 97° (temperatura normal entre 50° e 60°) O trafalgar de Levier tinha voltado, o motor não tinha colado mas não ia demorar muito. Abri as torneiras ao carburador e disse ao Jonas para controlar a temperatura a cada passagem na recta. Se a temperatura ultrapassasse os 75° teria que parar para evitar que o motor colasse e agravasse a fatura.

Mudei a barra que estava enpenada e como tal pela primeira vez verifiquei a geometria das rodas da frente. Primeira constatação era impossivel de meter as rodas na vertical, os dois lasers utilizados davam uma roda horizontal, mas a outra enviava o pontinho vermelho para baixo. a direção tambem só era possivel metê-la direita com o volante torto. Vou ter que serrar uma das barras para poder compensar. Em relação á horizontalidade das rodas não há nada a fazer porque isso é sinal que ou o chassi está empenado ou um dos veios está torto, irei verificar isso mais tarde. Ali teve que ficar como em Indianopolis, uma roda vertical e outra a dar para as docas.

Para a pré-final as indicações eram essencialmente de controlar a temperatura e se ela não subisse fechar ligeiramente a torneira do alto regime.

O Jonas partiu do 6° lugar e conseguiu passar dois pilotos, mas rapidamente verifiquei que ele perdia terreno na reta o que tornava impossivel qualquer ganho de lugares. Isso veio-se a confirmar pois o jonas fez toda a corrida colado ao 3° mas nunca o pôde passar.

Na box o mais importante foi a verificação da temperatura do motor, que felizmente não tinha aumentado o que era sinal que o motor não ia partir. O Jonas disse-nos que tinha fechado a torneira das altas mas que o motor não andava mais. Efetivamente o motor não passava das 14800 quando normalmente ele faz 16400, nessas condições é normal que na reta ele não tivesse direito a nada. O problema vinha que eu ter aberto as baixas(segurança maxima) e essa torneira vem de origem com uma torneira que só pode ser afinada com uma chave de fendas.

Afinamos o carburador como ele estava antes de aquecer e mais uma vez dissémos para o Jonas controlar nas primeiras voltas o aquecimento.